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Lembrança dos priores da Igreja de São Vicente da Branca

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Reference code
PT/ADAVR/DIO/PALB04/001/0001/000004
Title type
Atribuído
Date range
1586-02-24 Date is uncertain to 1949 Date is uncertain
Dimension and support
1 fol.
Scope and content
1. O L.do Pedro Nunes Teólogo morreu em 24 de Fevereiro de 1586.

2. O L.do Fernando Marinho de Queirós morreu em 30 de Agosto de 1617.

3. O prior Manuel Camelo de Figueiroa Carvalho morreu em 27 de Novembro de 1631.

4. O prior Manuel Mendes morreu em 23 de Maio de 1657.

5. O prior Pedro Dias Roque, sendo somente dois anos prior, trocou com Sebastião Luisão.

6. O prior Sebastião Luisão Fontoura morreu em 21 de Novembro de 1689.

7. O prior Bernardo Torres da Silva12 natural da Vila de Torres Vedras na Extremadura, tomou posse desta igreja em 1 de Agosto de 1690, por provisão régia de El Rei D. Pedro II, vindo da igreja da Trofa, onde foi prior três anos. Achei esta igreja muito pequenina e velha de pedra e barro, arruinada, e dei ordem para se fazer a atual, o que me custou mais trabalho que despesa, sendo que os fregueses não pagaram, nem foram fintados em coisa alguma mais do que serviço corporal de suas pessoas e carros, dando El rei duas provisões dos bens de raiz de um conto de reis. A igreja velha se demoliu e fez-se o corpo da nova dentro de um ano e se disse missa nela como consta dos papéis e licenças do Sr. Bispo Conde; e se lançou a primeira pedra em 1694 e se disse missa em 1695; que tão grande foi a curiosidade de tão católicos fregueses como são os desta freguesia. Mandei fazer para esta igreja uma imagem de São Vicente estofado, dois cálices bons, um dourado para a Fábrica e outro por conta da Irmandade das Almas, e uma custódia de prata dourada com seu relicário tudo dourado, obra a bem do tempo.

8. O prior João de Sousa e Menezes tomou posse desta igreja em 2 de Fevereiro de 1700 e morreu em 24 de Janeiro de 1749.

9. O prior Amaro Manuel de Sousa natural da freguesia de São Tomé de Bitarães, bispado do Porto, tomou posse desta igreja em 24 de Novembro de 1752, por provisão régia de El Rei D. José, tendo renunciado em seu sobrinho D. Manuel da Madre de Deus de Sousa Barbosa, cónego regular de Santo Agostinho em 1789, e morreu em 5 de Janeiro de 1797. Teve fama de santidade. Por curiosidade conta-se que em finais de 1800 a instâncias de um paroquiano muito bom, foi com seus criados à capela-mor da Igreja, onde era a sepultura dos párocos, levantaram a campa e cavaram. Procuravam os restos do Amaro Santo. A certa altura encontraram um caixão, abriram-no e encontraram um cadáver de um homem forte de olhos abertos, perfeitamente mumificado, revestido com os paramentos. Estes estavam perfeitos mas quando lhes tocavam desfaziam-se.

10. O prior D. Manuel da Madre de Deus de Sousa Barbosa, natural de Bitarães, bispado do Porto, tomou posse desta igreja em 19 de Fevereiro de 1789 e morreu em 10 de Julho de 1812. Durante a sua paroquialidade em 1790 El Rei concedeu à freguesia um real para obras e reparações na igreja. Conta-se que o visitador entrando um dia na igreja a achou muito precisada e voltando a Lisboa a recomendou a sua Majestade, seu patrono. À vista do exposto, El Rei mandou fazer lá mesmo no arsenal da marinha toda a obra de talha que mandou para os seus altares e concedeu-lhe o referido real. Foi arrematante desta importante obra o Capitão António Dias Ladeira de Castro, natural da Branca, gravando-se a data de 1797 na por principal da igreja por ocasião do término da referida obra.

11. O prior Manuel Bernardo Ribeiro de Brito tomou posse desta igreja em 13 de Setembro de 1813, residindo no benefício até 1830, ano em que se ausentou para o Porto, Leça da Palmeira com breve de non rezidendo, encomendando a igreja ao Pe. José Marques dos Santos de Valmaior, que esteve até 1834, sendo substituído pelo Pe. Luís Pereira Pinto Júnior até 24 de Setembro de 1841. Morreu a 10 de Maio de 1838. Deixou fama de justiceiro e ausentou-se cansado de lutar em defesa do património da igreja. Durante a sua paroquialidade tomou conta da dívida que o Capitão António Dias Ladeira, arrematante da anterior obra de melhoramento da igreja, devendo à igreja uma soma considerável. O Capitão tonha já falecido e os filhos, seus herdeiros, resistiam por todos os modos no pagamento. É fama que eram homens de grande força e génio exaltado. O processo de tudo, como declara o Pe. Ribeiro de Brito, foi entregue na Câmara Eclesiástica de Aveiro, conseguindo desta forma que os referidos herdeiros lhe dessem 400$000 reis com que comprou muitas coisas necessárias ao culto, entre estes, uma custódia rica de 4 Kg de prata dourada e um cálice de prata, peças de valor. Quando deixou a paroquialidade os herdeiros do Capitão estavam ainda a dever 860$000 reis. Sustentou ainda outra questão com vários habitantes do lugar do Souto da Branca em 1825. Existia, e existe junto da igreja uma fonte com um tanque que eram evidentemente do pároco, que naturalmente deixava o povo utilizar. Guardava porém o pároco para si o privilégio de mandar lavar à segunda-feira e ninguém ousava utilizar o lavadouro sem pedir licença. Isto se vê duma cópia do processo que nesse ano instaurou contra vários paroquianos que ousaram desprezar o direito do pároco. Desse processo se vê que eram os párocos que faziam as reparações necessárias e para o passal iam as águas sobejas, não tendo eles outra água, sendo portanto justo este privilégio e justa a sentença que condenou os réus. Teve ainda uma outra questão por causa de uma nascente de água nova que pretendia ter descoberto mas que outros lhe impugnaram e várias outras pendencias porque lhe atravessavam e devassavam a terra da Seara ou Passal. Depreendemos das poucas notas que ficaram que tendo sucedido a párocos excessivamente bondosos se viu na necessidade de reagir contra os abusos e se retirou cansado e desiludido dos homens a cuidar da alma, visto que as energias físicas por aqui se lhe queimaram.

12. O prior António de Matos natural da freguesia de Monforte, de Figueiredo das Donas, junto a São Pedro do Sul, foi despachado para esta igreja por decreto de 13 de Dezembro de 1841, sendo colocado em 7 de Julho de 1843 e tomando posse em 12 de Outubro de 1844, mas não residiu nem paroquiou, morrendo pouco depois.

13. O prior José Marques dos Santos natural do lugar de Mouquim da freguesia de Valmaior, tendo sido pároco da freguesia de Reveles do bispado de Coimbra, tomou posse desta igreja em 10 de Fevereiro de 1848 e morreu em 7 de Maio de 1863. Era conhecido por Pe. Zé Mouquim por ser daquele lugar. À semelhança do Pe. Ribeiro de Brito, e talvez porque conheceu os homens do seu tempo e aborreceu os seus defeitos, sofreu muito. Conta-se que abusivamente, um dos grandes proprietários da freguesia fazia caminho para as sua propriedades pela Seara ou Passal do pároco, e algumas vezes este se deitara através do caminho para o impedir. Infelizmente venceram estes, e o caminho ficou. Deixou muito boa fama.

14. O prior José Pereira Leitão, natural da freguesia de Vilarinho do Bairro, foi nomeado para esta igreja por decreto de 20 de Setembro de 1864, sendo colocado em Aveiro em 10 de Janeiro de 1865 e tomou posse da igreja por ocasião da festa de São Vicente em 22 de Janeiro no mesmo ano e morreu em 20 de Outubro de 1887.

15. O prior Francisco Marques Pires de Miranda natural da freguesia e concelho de Albergaria-a- Velha, tomou posse a 16 de Novembro de 1892 e faleceu em 1952, deixando a paroquiaentre 1905 ou 1906. No seu tempo compraram-se imagens magestosas mas sem valor artístico como: Senhor Morto, Senhor dos Passos e Nossa Senhora da Soledade. A igreja também no seu tempo sofreu algumas reparações como: fizeram-lhe um guarda-vento para a porta principal de certo valor; colocaram em todo o corpo da igreja uma faixa ou lambrim de azulejo; foi pavimentada, em parte a mosaico e taboleiros de soalho; foram rasgadas as janelas da Capela-mor que eram muito pequenas e construidas capelas laterais para os andores e imagens. Foram colocadas sanefas nos altares laterais e no arco cruzeiro e coberto a estuque o tecto do corpo da igreja que era de madeira pintada mas estava muito estragada, e coberta a igreja de telha de Marselha. Foi padre político tendo trabalhado muito pelo melhoramento das vias de comunicação da freguesia.

Foi no seu tempo que se comprou o paramento rico enramado a ouro, incluído a capa de asperges e os véus de ombros e véu de cálice bordados a ouro. Exerceu funções de Vigário-da- Vara.

16. O prior Artur Rodrigues da Costa Carvalheira, natural de Silva-Escura, concelho Sever do Vouga, diocese de Vizeu, tomou posse a 14 de Maio de 1907 e faleceu a 6 de Agosto de 1920. Foi o último pároco colocado na freguesia que paroquiou nos tempos mais agitados da República. Conseguiu passar incólume no meio da tempestade, rodeado por um grupo de amigos dedicados. Não pôde, apesar disso, obstar à venda da residência paroquial, mas conseguiu que fosse comprada por um paroquiano que tomou o compromisso de a devolver à igreja, logoque serenassem os animos e as circunstâncias o premitissem.

17. O prior Manuel Valente dos Santos Conde natural da freguesia de Salreu, onde nasceu em 28 de Outubro de 1882.13 Fez o curso preparatório até ao quinto ano no liceu de Aveiro e os dois últimos anos no liceu do Porto de 1896 a 1903 e o curso teológico de 1903 até 1906. Ordenou-se presbitero a 21 de Outubro de 1906, sendo coadjutor do pároco de Salreu até 1912, exercendo também o professorado particular. Foi professor e perfeito no Colégio-internato dos Carvalhos de 1912 a 1916, passando esse ano para Aveiro, onde exerceu as funções de professor e sub-diretor do Colégio Aveirense e oficial da secretaria do Liceu, coadjutando a Paróquia da Vera Cruz. Foi nomeado prior desta igreja em 6 de Agosto de 1920. Nos tempos agitados da República pouco ou nada se fez. No início da sua paroquialidade encontrou a igreja muito precisada. A sacristia, acanhadíssima, era um lago de água no inverno, sendo preciso passar por cima de tábuas até chegar ao estrado junto do arcaz, e muito escura. Os paramentos, cheios de mofo, iam-se deteriorando dentro daquele arcaz a apodrecer. A igreja por sua vez era fria com pavimento de mosaico de cor escura e sem bancos decentes. Sendo a sua carreira de professorado até então veio contrariado, mas obediente pois era preciso. De 1920 a 1930 em consertos, reparações compra de paramentos e alfaias de culto gastaram-se cerca de 5.000$00. Logo no início da sua paroquialidade compraram-se as lanternas de prata. Em 1924 comprou-se um harmónio por 12.000$00 e em 1928 um cofre-forte por 2.550$00. Em 1931 e 1932 foi estucada exteriormente toda a igreja e torre, lavada a cantaria e posto azulejo na fachada com o custo de 6.209$40, sendo também ajardinado o adro. A seguir procederam-se reparações interiores importantes. Foi lavada a cantaria, que estava coberta de tintas, reparado o baptistério, pintados a cores os vidros das janelas e colocada uma Via-sacra de quadros figurativos. Toda esta obra custou cerca de 4.000$00. Foi também reparada e dourada toda a talha do altar do Senhor Crucificado e da Senhora de Fátima, assim como o do Sagrado Coração de Jesus. Da mesma forma se procedeu com as sanefas das janelas e do arco lateral. Comprou-se a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima por 3.250$00 e foram restauradas a imagem de Nossa Senhora do Carmo (1.250$00), a imagem do Sagrado Coração de Jesus (720$00) e a de Nossa Senhora das Graças ou Sagrado Coração de Maria. Mandou-se fazer o andor para a Nossa Senhora de Fátima com os pastorinhos e ovelhas (2.500$00) e fez-se nova porta principal da igreja, que estava a cair de podre, em madeira de castanho cravejado com pregos metálicos artísticos. Toda esta obra interior da igreja importou em 36.414$69. Em 1933 começaram as obras da Residência Paroquial, mesmo antes de ser readquirida a antiga, que estava em ruinas, obra essencial à vida religiosa da freguesia, tendo-se despendido 60.000$00. A antiga Residência Paroquial e respectivo quintal, vendida em hasta pública em 1916 por 935$00, e comprada de acordo com o Pe. Carvalheira com a condição

de voltar para o pároco quando as circunstâncias o permitissem foi, em 1935 depois de várias instâncias, cedida por escritura de doação à Corporação do Culto Católico, com essa finalidade mediante a indeminização de 22.500$00.

Em 1939 foi instalada a electricidade na igreja, adquirindo-se um frontal branco para o altar-mor, um paramento branco com sua capa de asperges e véu de cálice e um paramento verde completo (sem capa de asperges), as alvas melhores, a umbela rica a lâmpada do Santíssimo Sacramento e mais duas para os altares laterais, um cibório, um lustre, a coroa de prata do Senhor dos Passos e fizeram-se várias reparações de paramentos e alfaias de culto, tudo no valor de 10.796$45. Em 1945 colocaram-se na Capela-mor uns cadeirais para o clero, foi reparada a instalação eléctrica e compraram-se dois estandarte, o do Santíssimo Sacramento e o da Nossa Senhora de Fátima no valor de 9.000$00. Em 1946 para as festas da coroação de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que foram imponentes, comprou-se uma coroa de ouro no valor de 11.230$00, angariando-se esta verba dentro da freguesia por uma comissão de senhoras. Adquiriu-se igualmente um relicário decente para levar o santíssimo aos enfermos e uma mala-estojo para administrar os últimos sacramentos. Em 1948 reparou-se igualmente o pavimento da capela-mor tapando-se o mosaico escuro com taco de madeira e separou-se do corpo da igreja por um gradeamento de madeira, próprio para dar a comunhão, adquirindo-se um cofre-sacrário, um pavilhão verde e ainda uma banqueta de metal cromado constituída por candelabros e vasos. No corpo da igreja foram colocados vinte bancos genuflexórios para comodidade dos fieís cujo custo foi de 3.500$00.

Também nas capelas da freguesia foram efectuadas inúmeros reparos durante a sua paroquialidade. Atendendo à dispersão da população por vários lugares bastante afastados da igreja, e à piedade dos fiéis, há na freguesia bastantes capelas públicas e particulares, tendo todas elas merecido o carinho deste pároco.

A Capela de Nossa Senhora da Piedade, em Albergaria-a-Nova, onde se celebra missa aos domingos e dias santificados há muitas dezenas de anos, sofreu desde 1920 profundas modificações. Era formada por quatro paredes, ladrilhada a velho tijolo, tendo ao fundo, sobre um estrado de madeira a sua imagem velhinha. Não tinha capacidade para comportar os fiéis que ali assistiam à missa tendo sido aumentada com uma capela-mor e sacristia e pavimentada a cimento e tabuleiros de madeira, adquirindo-se bancos para a catequese, com um arcaz para os paramentos, um missal novo, toalhas decentes, um paramento branco novo e uma banqueta nova. A imagem de Nossa Senhora da Piedade foi restaurada e comprou-se uma imagem de São Cristóvão, que ali tem bastante culto e em 1948 foi nela instalada a electricidade.

A Capela de Nossa Senhora da Alegria, no mesmo lugar, por causa do alargamento da Estrada Nacional, teve de ser mudada. Manteve-se-lhe a forma primitiva. É pequenina não passando de um oratório com duas imagens, a do Senhor Crucificado de pedra e a de Nossa Senhora da Alegria de madeira. Fizeram-se reparações na porta e no altar e mandou-se restaurar e encarnar a imagem de Nossa da Alegria com o custo de 1.300$00.

Fig. 12 Santa Luzia

Capela de Santa Luzia de Cristelo

Pedra\calcário policromado, 2ª metade do Séc. XV

61,5 alt X 22 larg x 21 prof cm

PALB04 0310

A Capela de Santa Ana, em Soutelo, onde também se celebra missa aos domingos e dias santos, foi há anos reparada e no altar e pavimento, que era de tijolos, foi substituído por cimento e aumentada a sacristia e colocado um púlpito fixo. Também se adquiriu uma imagem de Nossa Senhora de Fátima com os pastorinhos, paramentos novos e toalhas decentes.

A Capela de São Julião, no Outeiro, é asseada mas não tem paramentos, fazendo-se obras indispensáveis de conservação que importaram 1.000$00.

A Capela de Nossa Senhora da Boa-Hora, no lugar de Laginhas, foi obra já efectuada pelo Pe. Conde, benzida em Agosto de 1924, comprando-se-lhe cálice, paramentos de todas as cores e missal. A sua construção importou em 50.000$00.

A Capela de Nossa Senhora das Febres em Samuel foi reparada carinhosamente e o seu adro defendido por um muro com porta, e pavimentada com cimento, obras feitas após 1920 que importaram 5.000$00.

A Capela de São Marcos em Fradelos é das mais antigas da freguesia e embora se lhe tenham feito reparações em valor superior a 1.000$00 após 1920 os habitantes do lugar trataram em 1949 da sua reconstrução angariando cerca de 9.000$00.

A Capela de Santa Luzia no lugar de Cristelo é talvez a que denota mais antiguidade com a sua imagem em pedra. Desde 1920 fizeram-se as reparações indispensáveis na sua conservação, adquirindo-se um paramento novo, um missal, um cálice, uma imagem de Santo António e outra de Nossa Senhora da Memória de pouco valor, importando em 1.500$00.
Physical location
fol. 14-26v
Language of the material
Por (português)
Creation date
07/06/2018 10:19:08
Last modification
04/01/2024 10:08:42
Record not reviewed.